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terça-feira, setembro 23, 2008

INTERESSANTE PARA OS ARTISTAS

Respeitável público, mais uma vez: Damien Hirst


O artista Damien Hirst sempre foi chegado às polêmicas. Esta semana, ao subverter o mercado da arte, levando um conjunto de novas obras a leilão na Sotheby´s, ignorando a lógica de que são os galeristas que vendem as obras inéditas dos seus artistas, ele reafirma sua habilidade em trabalhar com o escândalo, zombando do mercado.
Em dois dias de leilão, foram vendidas 218 obras, das 233 disponíveis, o que rendeu ao artista R$ 374,8 milhões. A inflexão proposta pelo artista foi de tal ordem que um dos compradores, que levou para casa o trabalho “The Bronken Dream”, era Jay Joplin, da White Cube, galeria a qual Hirst é vinculado, e por onde deveriam ter passado, em primeira mão, as obras leiloadas. O que para uns soa como deslealdade ou cara-de-pau, para ele é estratégia de marketing. Nos idos anos noventa, como conta Márcia Fortes, da Galeria Fortes Vilaça, Hirst afirmava: “mal posso esperar para chegar ao ponto de fazer um trabalho muito ruim e vender por muito dinheiro”... Será que ele já está lá?
Hirst cresceu na cena artística internacional depois da mostra Sensation, realizada em Londres, em 1997, reunindo vários artistas contemporâneos ingleses. Entre as obras, estavam seus animais esquartejados e expostos em grandes aquários de formol, que provocaram reações diversas, mas com uma força espetacular fora do normal. O escândalo que rodeava a exposição foi tão chocante, que “a grande obra” terminou sendo a própria realização do evento e não os trabalhos exibidos ali. Até hoje, Sensation é lembrada como uma exposição de escândalo midiático.
Talvez a característica singular da obra de Hirst seja o “escândalo”. O espetáculo midiático, que sempre ronda as suas ações, e sua cara-de-pau deveriam ser vistos como parte do seu trabalho artístico. Num momento em que os artistas podem transformar o que tocam em arte, ou pelo menos acreditam nessa premissa, Hirst faz a opção de brincar com a seriedade do mercado da arte, voltando a ter seu nome estampado em manchetes de todo mundo. Afinal, ele mesmo já afirmou que “o mundo da arte gira em torno do dinheiro”. (Mariana Oliveira)

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