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quarta-feira, maio 19, 2010

ENTREVISTA CONCEDIDA AO PORTAL PB1, QUEM QUISER PODE VER

Fenart abre neste domingo sob o signo da indignação de artista
Fred Svendsen acusa coordenador do evento no setor das artes de favorecer amigos e prejudicar programação do Festival

Postado por Eloísa França em
Cultura , dia 19/05/2010 às 11:33h Fonte: Da Redação

O Festival Nacional de Arte (Fenart) tem inicio neste domingo (23)e já é alvo de crítica de setores da comunidade artística. Em entrevista exclusiva ao PB1, o artista plástico paraibano, Fred Svendsen, fala da sua indignação com a programação de artes plásticas do Festival em sua edição 2010. Para ele, os paraibanos foram deixados de lado e artistas de outros estados foram privilegiados. Svendsen acusa o coordenador de artes plásticas do Estado, de favorecimento de amigos seus em oficinas e workshops. Leia abaixo a íntegra da entrevista com Fred Svendsen.

PB1: Qual a avaliação que o senhor faz da presença dos artistas plásticos paraibanos na atual edição do XIII Fenart?

Fred Svendsen: Primeiramente eu quero questionar a forma como este coordenador de artes plásticas que chegou a esse cargo sem conhecer ninguém, e sem que seja conhecido por ninguém das artes plásticas. Eu acho que o governo deveria tratar as artes plásticas do estado com mais respeito, afinal, nós representamos a Paraíba no Brasil e no mundo, com maestria.

PB1: O senhor questionou certa vez, o caráter às vezes pessoal que marca esse tipo de evento. Tem sido diferente nesta edição do Fenart?

FS: Está evidenciado o caráter pessoal. Quando você pega o projeto do Fenart e vê que tem um mesmo artista convidado para fazer duas oficinas, e que acaba indicando outro amigo do Rio de janeiro, e esta coisa termina sendo uma proposta de cozinha, proposta que caminha no campo da amizade. Será que na Paraíba não tem nenhum artista que tenha algo de interessante para dizer aos seus amigos que não faça parte da amizade deste cidadão?
Mas na verdade, o que podemos esperar de uma pessoa que não é da área? Eu desafio o governador a fazer uma enquete com os artistas para saber quem conhece este coordenador de artes plásticas do estado. Com certeza se contará em apenas uma mão, porque é claro que ele tem alguns amigos senão não estaria os convidando. Mas o governo anunciou quase R$ 1 milhão para o Fenart, queremos saber quanto foi destinado às artes plásticas. Como é que um festival nacional de artes não tem uma grande mostra de artes plásticas dos artistas da Paraíba para mostrar ao resto do Brasil, já que esta é uma oportunidade única de fazer nossa arte circular?
PB1: A sua crítica está mais ligada à forma da montagem da programação, das oficinas? O que realmente na sua avaliação deixou a desejar na versão 2010 do Fenart?

FS: Pensei que fossem retirar o antigo coordenador para resolver 30 anos de silêncio para as artes plásticas da Paraíba, aí acabaram trocando seis por meia dúzia. Terminaram colocando um discípulo do outro, e eu não entendo pra quê é que o artista da Paraíba trabalha, se na hora que ele deve ser convidado para aplicar uma oficina para seu público e para a socidade, se abre espaço para artistas de outros estados. Quando será que o artista que mora e que trabalha aqui para o engrandecimento das artes da Paraíba será reconhecido? Enquanto os nossos representantes forem politicamente escolhidos, sem que nós soubermos, não venceremos nunca essa batalha.

PB1: Um Festival desse porte deixa algum tipo de influência no mercado local de arte ou ele ajuda mais a dar visibilidade aos artistas e suas obras?

FS: Pois é, veja bem, por três edições do Fenart a mostra de artes plásticas não conseguiu abrir no dia da grande festa, quando tem muita gente da Paraíba e dos estados circunvizinhos. Enfim, às vezes gente do Brasil inteiro. Então vamos raciocinar: Se perdemos a abertura, de que nos serve esse festival? Vamos pensar com a cabeça, e agora que nem isso tem, de que nos serve este festival?

PB1: Existe uma maior presença da fotografia e das linguagens visuais em geral em detrimento das artes plásticas no Fenart?

FS: Olha, sempre houve um comentário de que os artesãos eram discriminados pelos artistas plásticos, o que nunca foi verdade, e a fotografia entrava neste mesmo caminho. No entanto, sempre trabalhamos juntos com a fotografia, sempre tivemos muito respeito pela fotografia e a fotografia por nós pintores. Aí terminaram exagerando no apoio aos artesãos, eles se desenvolveram tanto na nossa frente que até um museu eles têm, e nós artistas plásticos esperamos o nosso museu há 50 anos. Nossa cidade é uma vergonha em termos de espaço que abrigue seu acervo.
Eu mesmo tenho o maior quadro de paisagem pintado no estado da Paraíba, em homenagem ao maior paisagista que a Paraíba já teve e tem, que é o meu amigo Hermano José. Este trabalho está se deteriorando no funda da sala da Fundação Casa de José Américo, no arquivo dos governadores, atrás de uma porta enferrujada e travada que não passa por lá uma alma viva a mais ou menos 30 anos pelo fato de ela ficar virada para o lado da mata.

Um comentário:

Marcantonio disse...

Entrevista contundente. A análise feita na última resposta me pareceu perfeita. É uma carência, essa de um museu, que sempre me causou estranheza; por falar em Hermano José, certa vez li uma entrevista dele em que reclamava do mesmo problema.

Convicções têm de ser expressas.

Um abraço.